Como acreditar, então, que os prédios que
compõem a cidade podem emocionar quem por ela transita? Andando a pé.
Por menor que seja a distância que se consegue percorrer de duas patas, só assim a gente realmente conhecerá Borá, Buenos Aires, Botucatu, Bernardino. O ângulo convencional do carro não favorece nem ao cachorro que vê pelo focinho.
A pé o olhar se desvia dos caminhos do dia-a-dia. É a maneira de retirar esses hífens – sem escrever errado – fazendo o mesmo percurso diário.
É que paramos de prestar só atenção aos
semáforos.
São Paulo é tão histórica quanto tecnóloga. Buenos Aires, tão sedutora quanto histórica. Assis, tão confusa quanto esburacada. Borá eu não vi, pois passei em quinta...
É claro que o tamanho da cidade pode broxar a cada investida de nossas botas. Imponência gera impotência para pessoas não muito fãs da vida.
Mas, basta se livrar desses paradigmas para
nos encontrarmos com os valores inestimáveis de não limitar o olhar às janelas
de um carro.
Em todos os cantos há uma
obra tão gigantesca quanto aquela que dá boas vindas no Rio. Em muitos cantos
há formas que expressam que algum artista fez sua declaração de amor à cidade. Sem
exceções. Cubatão já é outra, Marília engana, Londrina tá linda.
É tanto cimento, tijolo,
pedra, gesso. E a gente enamorando o asfalto.
Conheça a cidade sem
apelar pro GPS. Caminhe por ela.
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