Brief-seller


Os prêmios são outros. Agora eles não se curvam às ideias, mas ao apontamento de caminhos que levem a soluções verdadeiras. É que as ideias, aquelas que ganhavam leões em Cannes e faziam criativos leiautar até tarde, elas ficaram muito parecidas. O mesmo exagero ali, a mesma hipérbole lá. O mesmo cantinho para o título. O mesmo ponto de partida e uma só reta de chegada. Quando os jurados se deram conta, não havia mais razão para o GP condecorar a grande ideia (até porque de grande ela tinha era o uso). E assim ocorreu a redenção do ser mais desprezado em uma agência de publicidade desde a década de 60. Saem o trocadilho, a sacada criativosa, entra a oportunidade de realmente dialogar com o público. Agora, é o brief quem manda.

Os bons atendimentos estão sendo contratados a peso de ouro. A Miami abriu até uma turma especial para capacitação desses seres dotados em transformar uma reunião com o cliente em uma campanha vendedora.

Comparados a best-sellers, esses briefs têm sido procurados por toda dupla de criação. E há casos em que parecem tão sagrados quanto a Bíblia, pois só colocam os olhos neles pessoas purificadas, livres de qualquer ambição 'publicitária'.  Simples: se o profissional só quer aparecer, ele não precisa de brief, oras, que vá fazer piada em stand up. Por meio de um brief-seller quem aparece é a marca. Aquela que há pouco tempo aparecia só para fazer entender a imagem exagerada.

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